Capítulo 04

A casa de cartas se formou em um piscar de olhos.

Eu olhei rapidamente para Satoru sentado ao meu lado. Parecia que ele estava indo bem. Ele já estava na quarta camada. Satoru sentiu que eu estava olhando e girou a carta de quatro de copas que estava levitando com uma expressão presunçosa em seu rosto.

Determinado a ganhar, eu foquei na casa de cartas a minha frente. Era uma tarefa simples – empilhar cartas de baralho em uma pirâmide – mas fazê-la envolvia muita disciplina no uso do cantus.

Acima de tudo havia a concentração. O toque mais leve ou o sopro do vendo iria desmoronar a casa. Em seguida havia a percepção espacial. Em terceiro era a multitarefa – você precisava prestar atenção em tudo isso enquanto procurava por sinais de que a casa estava prestes a cair, e arrumá-la a tempo.

Aliás, há uma história dizendo que quando Shisei Kaburagi tentou essa tarefa, ele conseguiu completá-la instantaneamente só imaginando uma pirâmide feita com oitenta e quatro cartas. Mas mais ninguém nunca foi testemunha disso, então provavelmente é só um conto exagerado.

Na Escola da Harmonia, fomos introduzidos à construção de casas de cartas em diversas ocasiões. Eu nunca pensei que seria uma preparação para a Academia do Sábio.

—Saki, rápido. — Satoru disse, desnecessariamente.

— Isso não é justo. Mas não se preocupe, não vou perder para você.

— Idiota, competir entre nós não vai adiantar de nada. Olhe para o time cinco, eles trabalham muito bem juntos.

Eu procurei e vi que todos os membros do time cinco estavam se mexendo no mesmo ritmo, movendo as cartas firmemente para o topo da pirâmide.

— E como sempre, nosso ace está com a bola toda.

Como Satoru havia dito, Shun era inegavelmente o melhor de nossa classe. Ele já tinha construído sete camadas e estava trabalhando na oitava. Mais ninguém na classe podia controlar as cartas do jeito que ele fazia, como as batidas gentis das asas de uma borboleta. Era fascinante de assistir.

— ...Mas também há alguém nos segurando. — Satoru suspirou, olhando por cima do grupo.

Ao lado de Satoru, Maria estava trabalhando quase na mesma velocidade de Shun, mas a técnica dela era desengonçada e ela tinha deixado suas cartas caírem duas vezes. Mas, como ela conseguia arrumá-las rapidamente toda vez, seu ritmo era o mesmo do nosso no total. Próximo a maria, Mamoru era o completo oposto. Ele era tão cuidadoso que irritava, mas o resultado era que sua casa era extremamente estável. Entretanto, o ritmo lento dele significa que ele estava apenas um pouquinho acima da classe.

O problema era Reiko, sentada no final. Ela não tinha nem completado uma camada ainda.

Era depressivo observar ser trabalho. Suas cartas tremiam da mesma forma que a mão de uma criança iria tremer se fossem ruins em construir pirâmides de cartas. Reiko era de Kogane, então eu nunca havia a visto na escola antes, e não tinha dúvidas de que ela também era ruim em fazer casas de cartas na Escola da Moralidade.

Mesmo assim, sua bagunça era impressionante. Quando parecia que ela finalmente havia conseguido que as cartas levantassem, elas colapsavam e ela teria que começar tudo novamente.

— É tão ruim que chega a ser engraçado. — Satoru balançou sua cabeça e voltou para suas próprias cartas. — Enquanto ela estiver aqui nós nunca iremos ganhar.

— E daí? Reiko é uma boa pessoa, ela só não teve seu momento ainda. — Mesmo tendo dito isso, eu sabia que era mentira. Reiko Amano não conseguia usar seu cantus muito bem. Não importava que tarefas fossem dadas, os resultados dela eram sempre diferentes dos objetivos ditados.

Mais cedo, estávamos brincando de um jogo similar à telefone sem fio, para afiar nossas habilidades de replicação de imagens. Cada grupo sentava em uma linha e é dada para a primeira pessoa uma pintura em óleo para olhar. Então ela reproduzia a imagem como um desenho na areia usando seu cantus e mostrava para a próxima pessoa na linha. A pessoa tinha apenas alguns segundos para ver o desenho antes de terem que reproduzir o mais fielmente possível. O time o qual o desenho final fosse mais fiel ao original ganhava.

Para nós, o time um, pensei que nossas técnicas de construção de imagem e transmissão fossem excepcionais. Shun especialmente se sobressaía do resto de nós. As imagens dele eram tão boas que pareciam fotografias. A segunda melhor era Maria. Infelizmente, eu não era tão habilidosa quando ela em produzir imagens fiéis e artísticas.

Se Satoru fosse o primeiro, ele provavelmente não conseguiria fazer, mas ele era ótimo em copiar desenhos de areia. Eu era o oposto; Eu conseguia criar desenhos de areia baseados nos originais. Mamoru era bem artístico e podia produzir imagens lindas, mas elas não eram sempre fiéis.

Dentre nós seis, Reiko era sempre a que estragava tudo. Se for para ser perfeitamente honesta, os desenhos de areia dela pareciam marcas deixadas pelos desesperos torturantes de um caranguejo morrendo. Não importava o quão de perto eu olhasse para suas imagens, eu não conseguia entender o que ela estava desenhando. Não importava a posição que estivesse na linha, seus desenhos nunca pareciam nada além de rabiscos aleatórios.

Na competição da casa de cartas também, a lentidão dela era um fator decisivo para a nossa perda. O time com o maior número de camadas cumulativas ganhava, mas antes disso, cada membro deveria construir pelo menos sete delas.

E dessa vez, Reiko fez um erro fatal.

Eu estava me concentrando tanto em minhas próprias cartas que ainda não estou completamente certa do que ela fez. As cartas dela subitamente saíram voando e bateram nas de Maria.

Mesmo sendo instável, a casa de cartas de Maria era a segunda maior do grupo. Ela desmoronou em um instante.

— Ah, me d-desculpe!

Obviamente, Reiko entrou em pânico. Maria ficou paralisada por alguns momentos antes de começar a reconstruir sua pirâmide duas vezes mais rápido do que estava fazendo. Mas considerando o pouco tempo que tínhamos sobrando, mesmo se as pirâmides de Shun e Maria estivessem completas, ainda não seria o suficiente. Antes que ela pudesse completar a terceira camada, um apito soou, sinalizando o fim da competição.

— Me desculpa. Eu não acredito que fiz algo assim... — Reiko continuou se desculpando incessantemente.

— Não se preocupe. Eu mesma a derrubei várias vezes, de qualquer forma. — Maria disse, sorrindo, mas seus olhos estavam vazios.

Aqui, eu vou dar uma breve introdução ao time um. Os seis membros eram Shun Aonuma, Maria Akizuki, Satoru Asahina, Reiko Amano, Mamoru Itou e eu, Saki Watanabe. Você deve ter percebido que nossos nomes são em ordem alfabética[1], então faria sentido para eu estar no time cinco, mas eu de alguma forma acabei no time um. Já que três dos meus bons amigos estão no mesmo grupo, eu pensei que fui colocada por consideração especial para me ajudar a me acostumar à Academia do Sábio.

 

Após a aula daquele dia, Maria, Satoru, Shun, Mamoru e eu andamos por um pequeno caminho que corria junto com o canal próximo a escola. Não era que não queríamos ser amigos de Reiko, já que andávamos com ela bem frequentemente, mas pensamos que seria estranho para ela ficar conosco após ter errado tanto.

— Eu quero poder usar meu poder todo logo. — Satoru disse, se alongando.

Todos se sentiam da mesma forma. Já que ainda éramos estudantes, não podíamos usar nosso canti em público. Diferente das aulas na Escola da Harmonia, as aulas na Academia do Sábio eram longas e tediosas, mas tínhamos que passar por elas antes de nosso canti ser liberto para os cursos práticos no fim do dia.

— Quando você conseguir usar seu poder todo, eu preciso me assegurar de fugir para o mais longe que puder. — Eu provoquei.

 — Por quê? — Satoru disse taciturnamente.

— Nada não.

— Eu já tenho um controle perfeito. Mas você é desastrada como um bêbado.

— Eu acho que vocês dois são muito bons. — Shun disse, tentando nos acalmar.

— Ouvindo isso de você, não consigo ficar feliz. — Satoru chutou uma pedra no canal.

— Por quê? — Shun perguntou, genuinamente confuso. — Não estou mentindo. Eu realmente Acho que vocês são bons. Suas cartas não saíram voando de forma errada nem nada.

— Ah, para com isso. — Maria suspirou, tampando os ouvidos.

— Hmph, o Shun está inconscientemente nos menosprezando. Não acha, Saki?

Para falar a verdade, eu concordava com Satoru, mas não disse nada.

— Não me arraste com você. Você é o único sendo menosprezado.

— Quê? Não, não sou. — Satoru resmungou, e então ficou quieto repentinamente.

— O que foi? — Maria perguntou.

Satoru apontou para uma área do canal seis ou sete metros na nossa frente. “Olhem aquilo.”

Havia duas formas humanoides envoltas em mantos cor de terra.

— ...Ratos Monstros? — Maria sussurrou, torcendo um pedaço de seu cabelo vermelho entre os dedos.

— Sim. O que estão fazendo?

Shun estava fascinado, assim como eu. Essa foi a primeira vez que fiquei tão perto de um Rato Monstro.

— Não deveríamos encarar. — Mamoru avisou. Seu cabelo encaracolado sempre fazia parecer que sua cabeça estava explodindo. — Na Amizade, se víssemos Ratos Monstros, éramos avisados para não encarar ou chegar perto. Eles não falaram isso para vocês na Escola da Harmonia?

É claro que sim, mas é da natureza humana querer fazer coisas quando lhe proíbem. Nós avançamos lentamente, prestando atenção em nossos movimentos.

Eu lembrei o que meu pai havia dito quando eu era mais jovem. Ao nos aproximarmos, vimos que os Ratos Monstros estavam no processo de limpar o lixo que foi coletado nas curvas do canal onde a água fluía mais devagar. Estavam diligentemente pegando folhas e galhos com redes em uma vara de bambu.

Algo assim poderia ser feito em um instante com o cantus, mas não há dúvida de que os humanos achavam muito chato para gastar seu tempo.

— Estão trabalhando duro.

— Mas parece difícil segurar uma rede com mãos como aquelas.

Eu estava pensando o mesmo que Maria.

— Parece mesmo. Os esqueletos deles são estruturados diferentemente do nosso, só ficar em pé em duas pernas já é bem difícil.

Foi Shun quem disse. Mesmo que não pudéssemos ver seus corpos cobertos pelos mantos, os braços segurando as redes pareciam de roedores, e balançavam instavelmente em suas pernas.

— ...Não deveríamos estar os assistindo. — Mamoru deu alguns passos para trás e virou de costas para os Ratos Monstros.

— Qual é, nada vai aconte... Ei, cuidado! — Satoru correu para a frente gritando.

Um dos Ratos Monstros tentou levantar uma rede lotada de folhas que era mais pesada do que ele esperava. Com uma grande oscilação, ela foi lançada para frente.

O outro Rato Monstro tentou pegar, mas foi um segundo tarde demais. O primeiro Rato Monstro caiu de cabeça no canal.

Houve um grande barulho de água. Nós corremos para lá.

O Rato Monstro caído estava se debatendo debaixo da água, cerca de um metro pra frente. Eu não conseguia nadar muito bem. Além disso, folhas e galhos estavam enrolados ao redor dele, impossibilitando-o de se mexer.

Seu companheiro correu de lá para cá em pânico – ele não percebeu que poderia segurar a rede para o Rato Monstro pegar.

Eu respirei fundo e me concentrei.

— Saki, o que você está tentando fazer? — Maria perguntou, surpresa.

— Ajudar.

— Huh, como?

— É melhor não ter nada a ver com eles! — Mamoru gritou com uma voz covarde de trás.

— Está tudo bem, eu só tenho que levitar essa parte para trazê-lo de volta para a costa. Será fácil.

— Não pode estar falando sério...

— Você não pode usar seu cantus sempre que quiser.

— Eu também acho que você deve parar.

— Se eu não fizer nada ele vai morrer!

Eu me acalmei, tirei as vozes deles de dentro de minha cabeça e entoei meu mantra,

— Mas isso é muito ruim.

— Fomos ensinados a ter compaixão com todos os seres vivos, certo?

Eu foquei no Rato Monstro se debatendo na água. O problema era que ele continuava se movendo e todas as folhas e detritos tornavam difícil ter uma noção de seu tamanho.

— ...Vai ser mais fácil levitá-lo junto com as folhas. — Shun disse, percebendo meu dilema.

Eu dei um olhar agradecido para dele e ignorei os outros.

Eu me concentrei em levitar a massa de folhas, a imaginando se levantar. Finalmente, quebraram a tensão da superfície e pairaram sobre a água.

Água presa na pilha caía em cascata no canal. Partes de folhas que haviam escapado da minha atenção caíram. O Rato Monstro devia estar em algum lugar ali, mas eu não conseguia ver. Eu lentamente o guiei para a costa. Todos se afastaram para dar espaço.

Eu gentilmente soltei no chão.

O Rato Monstro estava vivo.

Batendo e chutando, ele conseguiu se virar e tossiu um pouco de água e bolhas. De perto, era bem grande. Tinha provavelmente um metro de altura completamente ereto.

— Uau, parece que você o pegou com uma rede. É uma levitação perfeita.

— Sim, graças ao seu conselho.

Enquanto eu estava elogiando Shun, Satoru se intrometeu.

— O que fazemos agora? Se a escola descobrir...

— Se eles não descobrirem, está tudo bem.

— Mas e se descobrirem?

Maria veio ao meu resgate.

— Todo mundo absolutamente deve manter isso em segredo, ok? Pelo bem da Saki.

— Ok. — Shun disse sem hesitar.

— Você também, Satoru, entendeu?

— Não precisa me falar. Mas e se escapar de alguma forma?

— Não parece que ninguém nos viu. Se nós não dissemos nada, vai ficar tudo bem. — Maria respondeu. — Mamoru?

— O quê?

— O que você quer dizer com “o quê” ....

—Nada aconteceu hoje. Não vi nada. Não tinha nada a ver com os Ratos Monstros nem nada.

— Bom garoto.

— Mas o que faremos sobre isso? — Satoru enrugou o nariz para o Rato Monstro.

— Não vai falar para ninguém.

— Ratos Monstros sabem falar? — Satoru parecia curioso.

Eu me aproximei do Rato Monstro que ainda estava deitado no chão. Me perguntei se ele estava machucado em algum lugar. Quando o outro Rato Monstro me viu, ele também caiu duro no chão.

Eles obviamente estavam com medo dos humanos.

— Eu, eu salvei a sua vida, entendeu? — Eu tentei falar gentilmente.

— Você não deve falar com Ratos Monstros! — Mamoru gritou com uma voz esgoelada de algum lugar atrás de mim.

— Ei, pode me ouvir?

O Rato Monstro encharcado concordou silenciosamente. Parecendo bem mais confuso agora que estava de quatro, ele se arrastou até mim e fez um movimento como se estivesse beijando meus sapatos.

Os dois se curvaram. De alguma forma, aquela simples ação estava repleta de significado. Repentinamente, eu realmente queria saber como o rosto deles eram.

— Ei, olhe para cá. — Eu bati palmas levemente.

— Saki, parei. — Maria soava um pouco atordoada.

— Sério, você não pode... Os Ratos Monstros. — Mamoru soava como se estivesse ainda mais longe.

— Você entende o que estou falando? Levante sua cabeça.

Os Ratos Monstros levantaram a cabeça nervosos.

De alguma forma, eu estava esperando um rosto fofo como o de um rato do campo, então fiquei chocada.

De baixo do capuz havia um rosto mais feio do que qualquer outro que eu havia visto em um ser vivo. Tinha um focinho achatado, mais como o de um porco do que de um rato, uma pele pálida e flácida pendurada em dobraduras e era coberta com pelos felpudos marrons, e olhos brilhantes e pequenos.

— Obrigdo. Obrgdu. Kikikikiki. Kakakakaga★…es. Deuses.

O Rato Monstro de repente começou a falar em uma voz estridente. Eu congelei em surpresa.

— Está falando... — Maria murmurou.

Os outros três estavam estupefatos.

— Qual é o seu nome? — Eu perguntei.

§@★#◎&∈∂Å — ele gorjeou em uma voz ritmada. Saliva espumou dos cantos de sua boca.

Eu sabia que estava falando seu nome, mas não há como escrever em japonês, não que eu sequer lembre qual era.

— Bem, parece que não temos que nos preocupar com eles nos dedurando. — Satoru disse, soando aliviado. — Não é como se qualquer um fosse entender o que eles dizem.

Nossa ansiedade foi embora, e começamos a rir. Mas por algum motivo, um arrepio percorreu em minha espinha enquanto eu olhava para os Ratos Monstros.

Parecia que eu havia tocado em algum tabu que estava escondido profundamente em meu coração.

— Apesar de não podermos usar seus nomes, deve haver algum outro jeito de diferenciá-los. — Shun devaneou.

— Dá para diferenciar pelas tatuagens.

Surpreendentemente, foi Mamoru que falou.

— Tatuagens? Onde?

— Algum lugar na testa. Deve haver a colônia e o número de identificação. — Mamoru disse, ainda de costas.

Eu coloquei minha mão provisoriamente na testa do Rato Monstro e levantei seu capuz. Ele continuou dócil e treinado como um cachorro.

— Aqui está.

Abaixo de sua teste, as palavras “Cabra 619” estavam tatuadas em tinta azul.

— O que essas palavras significam?

— Tem de ser o emblema da colônia. — Shun disse.

Ratos Monstros têm três características que são diferentes da maioria dos outros animais.

A primeira é sua aparência que é claramente de mamíferos, eles são eussociais, como formigas e abelhas, e vivem em colônias com uma rainha. Essa característica veio de seu ancestral, o rato-toupeira pelado do leste africano. Pequenas colônias têm apenas duzentos ou trezentos trabalhadores, mas as grandes podem ter milhares, indo até dez mil, trabalhadores.

Em terceiro, Ratos Monstros são bem mais inteligentes que golfinhos ou chipanzés. Alguns diriam que são tão inteligentes quanto humanos. Aqueles que juram fidelidade aos humanos e se tornam “colônias civilizadas” são protegidos em troca de suas homenagens e trabalho. As colônias são chamadas pelos nomes de vários insetos.

Por exemplo, a colônia com a maior força e mais frequentemente recrutada para operações de trabalho público é a colônia Vespa Gigante. Outras colônias pontilhadas ao redor de Kamisu 66 são as da Formiga de Madeira, Mosca de Veado, Libélula, Vespa Aranha, Mosca Assassina, Besouro de Veado Gigante, Grilo-Da-Caverna, Vespa de Papel, Besouro de Chão, Besouro-Tigre, Traça Cabra, Besouro Aquático, Grilo, Centopeia Azul, Fulgoromorpha, Mariposa Pirálide, Mariposa Pyralidae, Mariposa Tigre, Mosca Tachina, Diplópode, Aranha-da-Teia-Amarela, e mais.

— O “Cabra” provavelmente significa a colônia da Traça Cabra. — Shun disse.

— Eles provavelmente são todos tatuados, já que são tantos a ponto de você não reconhecer de vista.

— Então esse cara é um trabalhador da colônia da Traça Cabra.

Traça Cabra era uma colônia pequena com apenas duzentos trabalhadores.

— Trçcabra. Traça Cabra. Chichichi. Frn.... Grrrr — Ele disse, tremendo.

— Deve estar com frio.

— Está completamente encharcado. E como Ratos Monstro vivem em tocas, imagino que sua temperatura corporal seja naturalmente baixa. — Shun disse.

Nós deixamos os Ratos Monstros irem. Os dois se curvaram e foram embora. Não importava quantas vezes eu olhasse para trás enquanto eles iam, eles continuavam curvados.

— Como eu pensei, só tem o método do besouro do esterco, né? — Maria disso.

Isso foi um mês depois do incidente com os Ratos Monstro.

— Isso é óbvio. — Satoru objetou. — Todo grupo vai pensar nisso. Além do mais, é impossível controlar a bola desse jeito.

Estávamos tendo uma discussão ao redor de um pedaço de argila colocada na mesa.

— E se fizéssemos um anel gigante e colocássemos a bola dentro? Dessa forma a bola iria mover o anel para onde quiséssemos. — Eu disse, balançando minhas pernas por estar em cima da mesa. A ideia me veio do nada e eu não achei que fosse tão ruim.

— Mas pode perder poder na metade, e se a bola rolar por cima do anel? — Satoru objetou novamente.

Eu estava prestes a bater nele quando Shun pontuou algo bem mais importante.

— Vai ser difícil se assegurar que o anel continue no chão o tempo inteiro. Se só uma parte dele levitar, receberemos uma punição.

— ...Certo. — Eu admiti.

— Não estamos indo para lugar nenhum só pensando. Por que não tentamos? Assim teremos uma noção de quanta argila precisaremos usar para fazer o empurrador.

Como Maria sugeriu, nós colocamos quase metade da argila para fazer o empurrador e a outra metade para fazer os atacantes.

— Assim? — Satoru pareceu decepcionado.

— Me pergunto quanto a bola pesa. — Maria devaneou.

Shun dobrou os braços e pensou. “É feita de mármore, então imagino que mais de dez quilos.”

— Isso é quase o tanto de argila que temos. Em outras palavras, o empurrador é mais ou menos metade desse peso. — Satoru suspirou.

— Mas como a argila seca enquanto é assada, também vai ficar mais leve, né?

— É mesmo! Então no fim, o empurrador vai ter mais ou menos um terço do peso da bola.

Todos pareciam confusos, mas não pude evitar de sorrir quando Shun concordou comigo.

— Então teremos que empurrar de trás, mesmo assim. — Mamoru disse.

— E voltamos para a estaca zero.

O torneio de bola era em cinco dias. Isso significava que nesses cinco dias nós tínhamos que decidir uma estratégia base, fazer um empurrador que funcionasse, atacantes e defensores de argila, e aprender a controlá-los perfeitamente.

Aqui vou explicar as regras do torneio. Há dois times, o de ofensa e o de defesa. Os de ataque rolam uma grande bola de mármore através do campo até o gol, enquanto a defesa tenta bloquear. O tempo total permitido por round é de dez minutos, e o time que levar menos tempo para marcar um gol é o campeão. No caso de nenhum dos times marcarem pontos, os dois jogam de defesa e de ofensa em um duelo de desempate, onde o primeiro a marcar um ponto ganha.

Pela partida, você só pode usar seu cantus, mas há uma restrição. Você não pode alterar a bola ou o campo com seu cantus. Isso significa que devemos ser bons em controlar nossas peças, o empurrador e os atacantes quando estivermos na ofensiva, e nossos defensores quando estivermos na defensiva. Além disso, nossas peças não podem perder contato com o chão. (Se fosse permitido usar peças flutuantes, poderíamos usar a bola para absorver qualquer impacto que o empurrador pudesse sofrer.)

O campo construído no pátio interno da escola tem dois metros de largura e dez de comprimento, e coberto com terra arenosa e pedaços de grama para que requeresse bastante concentração apenas para mover a bola em linha reta. A defesa podia colocar o gol onde quisesse, mas não podia fazer mais nada, como fazer buracos ou montanhas para protegê-lo,

As peças só tinham que estar dentro dos limites de peso. Éramos livres para decidir a forma, ou quantas queríamos usar, mas quanto mais peças usarmos, mais difícil seria para controlar tudo.

Mais uma restrição importante era de que não podíamos atacar o empurrador do oponente. Caso contrário, todos iriam mirar nele e ele seria destruído antes do outro time ter a chance de fazer alguma coisa. Entretanto, apenas um empurrador é imune ao ataque, então enquanto era permitido usar mais que um, seria desvantajoso. A maioria dos times usavam apenas um empurrador.

— Então, isso está bom para o empurrador? — Shun perguntou, com sua testa escorrendo suor.

Enquanto estávamos brincando com a argila, apenas Shun tinha as capacidades de moldá-la livremente para sua vontade. Era impossível para o resto de nós. A forma geral era um cone pequeno com um fundo redondo vazio como um barco para ajudar a deslizar pelo campo. Para controlar a bola, havia dois braços saindo dele em um ângulo de cento e vinte graus. Parecia uma pessoa com os braços esticados.

— Isso está bom. É simples, mas ainda parece legal. — Maria comentou.

— Então, agora tudo o que precisamos são de atacantes. Já que Shun está focando em fazer o empurrador funcionar, nós deveríamos dividir o resto do trabalho entre o resto de nós. — Satoru disse, usando a oportunidade para dar tarefas para nós.

— Como o time um está indo? — O Sr. Endou cutucou sua cabeça, sorrindo para nós. Seu rosto redondo, contornado por seu cabelo e barba, havia feito-o ganhar o estranho apelido de “Príncipe do Sol”.

— Acabamos de terminar o design do empurrador. — Satoru disse, mostrando o modelo orgulhosamente.

— Oh, vocês fizeram um trabalho muito bom em tão pouco tempo.

— Sim, estamos pensando em deixá-lo mais duro agora.

— Quem está controlando o empurrador?

— Shun.

— Como eu esperava. — Sr. Endou concordou.

— Bem, o resto de vocês trabalhe duro nos atacantes.

— Sim, senhor! — Nós respondemos energeticamente.

Mais tarde, depois de uma discussão calorosa, decidimos em ter cinco atacantes. Shun iria controlar o empurrador e um atacante simultaneamente enquanto o resto de nós teríamos um atacante cada.

Naquele momento, ninguém lembrava que costumava ter mais um integrante em nosso time.

 

Nosso primeiro round era contra o time cinco. Foi um golpe de sorte. O Rumor era de que o time três tinha construído as melhores peças e era o favorito para ganhar a competição, e o time dois tinha sido pego com comportamento suspeito.

Um round de pedra-papel-tesoura determinou que seríamos os primeiros a atacar. Já que era nossa primeira partira, estávamos nervosos para ver como seriam os defensores do time cinco. Eles tinham seis defensores em formato de parede se movendo de um lado para o outro, bloqueando toda a largura do nosso caminho.

Nós nos amontoamos em um círculo, cada um recitando nossos mantras silenciosamente.

— Como esperado, eles estão usando a estratégia mais básica. — Maria sussurrou, parecendo encantada.

— Isso não vai levar nem meio minuto. — Satoru riu como se já tivesse ganho.

— Vamos invadir pelo centro. — Shun disse quietamente. — Com esse tipo de defesa, nós podemos invadir por onde quisermos, mas parece que o meio do campo é o mais liso.

Quando nosso empurrador e os atacantes foram para o campo, todos os membros do time cinco pareciam perturbados.

O empurrador deslizou lentamente para sua posição com seus braços levantados atrás da bola.

Os atacantes não possuíam uma formação limpa. Três estavam posicionados em triângulo na frente da bola e os outros dois estavam guardando os lados.

Os atacantes da vanguarda eram em formado de pirâmides triangulares, com a ponta apontada para frente. Eles pareciam aviões de papel porque a longa beirada da pirâmide estava tocando o chão, e a parte lisa virada para cima. Os dois guardas eram bem pesados, em formato de cilindros esmagados, com várias protuberâncias na superfície. Na verdade, as protuberâncias não tinham um propósito, mas tinham o efeito de deixar os guardas parecendo mais robustos.

— Joguem limpo, trabalhem juntos como um time e façam seu melhor. Entenderam? — O Príncipe do Sol anunciou, e assoprou o apito para o início da partida.

A vanguarda avançou lentamente. O empurrador estava ganhando poder, então a bola pesada continuou onde estava. Enquanto estava estacionada, a bola era vulnerável, mas tentar apressá-la demais arriscaria prejudicar o empurrador. E novamente, como Shun estava controlando-o, essa asneira era inimaginável.

Os defensores não conseguiam criar coragem para avançar e continuaram balançando inutilmente de um lado para o outro.

A bola finalmente começou a se mover para a frente. Ela gradualmente ganhou velocidade e se arremessou para baixo no campo com os três atacantes liderando o ataque.

O time cinco finalmente percebeu nossos planos e se apressaram para juntar suas defesas no centro, mas era tarde demais. Iríamos destruí-los em um único tiro. Os atacantes araram através das pesadas paredes da defesa como se fossem feitas de papel. Um segundo depois, a bola de mármore ultrapassou. Tudo isso aconteceu em um piscar de olhos.

No segundo que quebramos sua defesa, o time cinco foi derrotado. A bola de mármore foi direto para o gol e caiu no buraco com um baque ressoante. O tempo foi vinte e seis segundos, mais rápido do que o Satoru tinha previsto.

— Queria que tivessem tentado mais; isso não foi nem uma competição. — Satoru disse.

— Sério, era como se eles nem tivessem defesa alguma. — Até o normalmente quieto Mamoru concordou.

Mas se nos tornássemos complacentes, as coisas poderiam piorar depois.

— O outro lado ainda pode atacar. — Eu tentei focá-los. — Nós não ganhamos ainda.

— Mas nós basicamente já ganhamos, certo? Não importa como eu veja, não tem como eles marcarem um gol em menos de vinte e seis segundos. — Satoru disse, ainda sorrindo.

— Mas nunca sabemos o que pode acontecer. Não abaixem a guarda. — Shun disse enquanto movíamos nossos defensores pelo campo.

Quando vimos as peças que o time cinco estava usando, ficamos chocados.

Como a defesa deles era tão básica, esperávamos que seus atacantes fossem o mesmo. Infelizmente nos os tínhamos subestimado. Eles usaram uma estratégia de tudo ou nada.

— O que é aquilo? Huh? — Maria disse em voz baixa. — Todos os seis parecem iguais.

As peças eram retangulares, com um braço protuberante como um martelo de sino.

— Eles fizeram todos como empurradores. — Satoru sussurrou.

O Príncipe do Sol pegou um dos empurradores e desenhou um círculo vermelho nele, indicando que aquele era o eu não poderia ser atacado.

— Mas é permitido atacar todos os outros, certo? Então aquele ainda não tem nenhum defensor para o proteger... — Eu disse.

— Tudo bem se um ou dois empurradores forem prejudicados. Mas se todas as seis peças empurrarem, qualquer um dos nossos defensores seria esmagado pela velocidade da bola. — Satoru respondeu.

Então era isso. O apito soou e a bola começou a rolar, rapidamente ganhando velocidade.

Quatro dos nossos defensores são em formato de batente de porta, a ideia era que pudéssemos jogá-los para debaixo da bola para diminuir seu movimento e tirá-la da pista. Mas dois deles saíram voando pela velocidade da bola antes que pudessem fazer qualquer coisa.

Os dois que sobraram foram atrás dos empurradores na beirada. Um conseguiu jogar um empurrador para fora, mas com os cinco que continuavam, a bola não mostrava nenhum sinal de diminuir de velocidade.

— Isso é ruim. Nesse ritmo... — Satoru gritou.

A bola estava se movendo muito mais rápido que a nossa, então se marcasse um gol, perderíamos.

Nossa carta trunfo era nosso quinto defensor, sentado no meio do campo. Ele mirou no fim do caminho que a bola seguia.

— Shun, deixo com você! — Satoru gritou.

O defensor tinha formato de um disco grosso, com um botão no fundo onde tocava no chão. Quando a bola rolasse no defensor, ela iria girar cento e oitenta graus, mandando a bola de volta para onde havia vindo. Foi a brilhante ideia do Shun.

A bola veio correndo pelo caminho em uma velocidade incrível. Mas eu não tinha dúvidas de que Shun iria conseguir cronometrar perfeitamente.

Entretanto, algo inesperado aconteceu. A bola bateu em um pedaço irregular do caminho e pulou um pouquinho no ar.

Shun instantaneamente ajustou o defensor para que a bola não pulasse sobre ele.

A bola caiu em cima do defensor com um ruído. Apesar do Shun girar o defensor, a bola voltou a rolar, e continuou com seu caminho inalterado.

— É tarde demais agora... — Satoru disse desanimado.

Nesse ritmo, não levaria vinte e seis, mas sim dezesseis segundos para atingir o gol. Bem quando eu desviei o olhar, Maria gritou.

— Ah! O que é aquilo?

Eu olhei para cima e vi um cenário imprevisível se desenrolar. A bola havia ganho tanta velocidade que o time cinco havia perdido totalmente o controle dela.

Um dos empurradores foi jogado para frente da bola e quebrou.

As forças direcionando a bola se tornaram desiguais e a bola pendeu para um lado.

Não havia como parar a bola mais. Ela perdeu o gol por uma margem gigante e saiu do campo.

— Como o time cinco não pode mais continuar, o time um venceu. — A voz do Príncipe do Sol soou como uma voz vindo dos céus.

— Isso!

— Passamos no primeiro round!

— O time cinco realmente se sabotou. Provavelmente porque as táticas eram extremas demais.

Enquanto nos reuníamos para celebrar nossa vitória, eu percebi que Shun estava parado do lado de fora do círculo.

— O que houve? — Eu perguntei.

Shun virou para mim, segurando o defensor e parecendo desanimado.

— Isso é ruim. Quebrou.

— Huh?

Todos se juntaram ao redor de Shun. Já que a argila era assada em temperaturas altas, deveria ter força para aguentar o peso da bola de mármore. Além do mais, nunca esperávamos que a bola fosse pular e cair em cima do disco.

— Bem, não sabemos se teremos uma ou duas partidas ainda, mas isso significa que não poderemos usá-lo? — Maria perguntou.

— Sim, provavelmente vai quebrar da próxima vez que uma bola rolar nele. Vai ser impossível girá-lo e tirar a bola do curso.

— Então não temos escolha se não ir com apenas quatro defensores...

Tentamos criar contra medidas, mas não conseguimos pensar em nada bom, então decidimos tirar uma pausa e descobrir quem seriam nossos próximos oponentes.

Como havia cinco times, os números eram desiguais para um torneio. Como fazem na Academia do Sábio é que dois pares de times são sorteados para competir, e os dois times vencedores tiram no palito. O vencedor continua imediatamente para o round final e o perdedor compete com o time que foi deixado de lado no primeiro round. O vencedor naquele round se torna o outro finalista.

Dependendo de sua sorte, você podia vencer o torneio com apenas duas partidas, ou ter que fazer todas as três.

De qualquer forma, nós fomos assistir o ataque entre o time três e quatro. Como foi dito nos rumores, o time três era forte, e vimos sua ofensa e defesa.

Seu empurrador era de um formato curvado complexo, como um cavalo-marinho, que podia controlar a bola perfeitamente. Os atacantes eram similares aos nossos, mas pareciam mais refinados.

O que nos surpreendeu era como eles usavam seus dois defensores, que tinham formato de kokeshi[2]. Entre os dois havia uma corda esticada feita de argila molhada. Quando a bola rolava por cima da corta, ela naturalmente se enrolava na bola e evitava dela ir para a frente. Apesar de o time quatro eventualmente fazer o gol, eles perderam muito tempo.

— Eles são bem inteligentes em pensar naquilo. — Satoru disse a contragosto.

— Nós estávamos errados em assumir que tínhamos que usar a argila dura.

— Parece que eles estavam bem confiantes de que iram fazer o oponente perder tempo o suficiente para assegurar a vitória.

— O time três definitivamente vai ganhar. — Maria disse com um olhar raro de admiração.

O time três ganhou do time quatro por uma margem gigante de vinte e dois segundos para sete minutos e cinquenta e nove segundos. Nós tiramos no palito contra o time três e felizmente conseguimos avançar para as finais.

— Parece que tivemos sorte.

— Já que temos tempo, vamos pensar em uma boa estratégia.

— Podemos consertar o disco?

— Meu cantus não é poderoso o suficiente para assar mais argila nele para restaurá-lo perfeitamente. O máximo que posso fazer é remedá-lo temporariamente.

Enquanto Shun, Satoru e eu tentávamos pensar em uma solução, Maria e Mamoru foram assistir a semifinal entre os times três e dois.

— De qualquer forma, vamos tentar encher os rachados no disco primeiro.

— Conseguimos pegar mais argila para arrumar?

Satoru foi levar minha pergunta para o Príncipe do Sol. No fim, nos disseram que poderíamos trocar algumas de nossas peças pela mesma quantidade de argila que as peças pesavam. Mas como argila assada era mais leve que argila molhada, o tanto que conseguiríamos em retorno era muito menos.

— Não há nada que possamos fazer. Há um defensor que foi afetado antes, então vamos trocá-lo.

Nós enchemos as rachaduras e Shun endureceu a argila com seu cantus. Como deveríamos usar a argila que sobrou? Eu a amassei em uma bola, então a achatei até que ficasse fina como papel.

Espera um pouco. Talvez isso...

— Saki, pare de brincar com isso. — Satoru disse.

— Ei, nós talvez possamos ganhar do time três com isso.

— Do que você está falando?

Shun olhou através do disco reparado. “Você pensou em algo?”

Eu concordei provisoriamente, e contei sobre a minha ideia.

— Incrível, você é um gênio.

Meus ouvidos coraram pelo elogio de Shun.

— Sim, é um truque bem barato, mas eles definitivamente não vão esperar. — Satoru disse. Como sempre, ele estava tentando me insultar, mas não conseguia negar que a ideia era boa.

— Devemos fazer, Satoru. Não tem outro jeito.

— Sim, eu acho.

— Não temos tempo para tentar mais nada.

Todos começamos a amassar um novo pedaço de argila e o grudamos no que eu havia feito antes. Como estávamos todos trabalhando na mesma coisa, não pudemos usar nosso cantus, então não tínhamos escolha a não ser fazer tudo com as mãos. Havíamos acabado quando Maria e Mamoru surgiram no quarto.

— As semifinais acabaram. E algo muito ruim aconteceu!

— Não me diga, estamos contra o time três? Mas temos um plano contra eles. — Satoru disse, como se ele que tivesse tido a ideia.

— Não. — Maria disse. — O time três perdeu. Nosso oponente nas finais é o time dois!



[1] Ordem alfabética pelos sobrenomes na escrita japonesa.

[2] Pequena boneca japonesa.